Entrevistas
Rodrigo Cáceres: Da imitação de Zacarias à versatilidade artística
Rodrigo Cáceres, o multifacetado artista que começou sua carreira imitando o icônico Zacarias dos Trapalhões, reflete sobre sua jornada desde os primeiros passos na MTV até se tornar um dos mais renomados imitadores e humoristas do Brasil. Iniciando sua trajetória em 2005 no programa “Covernation”, Cáceres rapidamente ganhou reconhecimento e se tornou uma figura constante em grandes produções televisivas, como “Show do Tom” e “Pânico”. Sua habilidade em transformar a imitação em uma arte reconhecida o levou a participar de mais de 30 programas de TV e a conquistar o público com sua versatilidade.
Além de sua carreira na televisão, Rodrigo tem se destacado na dublagem e locução, áreas que inicialmente adiou para focar na comédia. A pandemia de 2020 foi um marco para seu retorno à dublagem, resultando em papéis notáveis como o pai do Patrick em “O Show do Patrick Estrelas” e participações em séries internacionais como “One Piece” e “Casa de Papel”. Sua experiência internacional, com turnês no Japão e Estados Unidos, também contribui para sua carreira, mostrando a calorosa recepção do público brasileiro no exterior.
Rodrigo Cáceres continua a explorar novas fronteiras artísticas e a se reinventar, agora envolvido em projetos como o programa do João Kleber e o painel de jurados no “Canta Comigo”. Com uma carreira marcada pela diversidade e inovação, ele segue apaixonado pela arte, sempre em busca de novos desafios e oportunidades para encantar seu público.
Rodrigo, você começou sua carreira artística imitando o personagem Zacarias dos Trapalhões. Como foi essa experiência e o que ela significou para você no início da sua carreira?
Eu comecei a imitar desde criança, na verdade. Na escola, eu já imitava os amigos, os professores, e tal. Mas profissionalmente, foi o Zacarias que realmente abriu as portas para mim. Comecei no programa Covernation, na MTV, com Marcos Mion apresentando em 2005. Era um programa de duelo de bandas cover, e os jurados também eram sósias e covers. Eu era um imitador do Zacarias, ainda em processo de aprendizado. Não era uma imitação maravilhosa ainda, mas foi incrível porque, a partir dali, a televisão, que naquela época era muito forte, começou a notar que tinha o Zacarias na TV. Isso fez com que outros programas começassem a me chamar, como Show do Tom, Pânico, Faustão, Comedy Central, Domingo Legal, Ana Hickmann. Trabalhei em vários programas de TV, participando frequentemente.
Quando o Covernation acabou, fiz mais dois programas na MTV, incluindo Quinta Categoria, com Casé, Peçanha e Marcos Mion apresentando. Eu era parte do elenco de apoio, ao lado de pessoas como Gui Santana, Dani Calabresa, Madame M, entre outros. Foi uma fase bem legal. Depois, participei de vários VMBs também na MTV. Foi uma experiência incrível para mim, especialmente porque eu era muito jovem e já conhecia tanta gente da música e da televisão, principalmente na época do auge da MTV. Participar de programas com pessoas que eu era fã foi muito gratificante. Começar imitando o Zacarias, um dos meus humoristas preferidos, e ver como essa imitação me trouxe até aqui é algo que me deixa muito feliz.
Você é um artista extremamente versátil, atuando como ator, humorista, locutor, imitador e músico. Como você administra e equilibra todas essas facetas da sua carreira?
Na verdade, essa versatilidade surgiu conforme eu fui descobrindo meus talentos. Nunca tive a intenção de ser comediante. Quando minha mãe me perguntava o que eu queria ser, eu respondia que queria ser artista. A vontade de ser artista surgiu por conta da dublagem. Quando era pequeno, assistia a desenhos e ficava fascinado pelas vozes. Depois de descobrir como aquilo era feito, decidi que queria fazer o mesmo. Então, comecei a estudar teatro e acabei fazendo seis anos de teatro no Macunaíma. Depois disso, estudei em outras escolas e fiz cursos de dublagem.
No entanto, o trabalho com o Zacarias começou a dar certo, e eu precisei adiar o sonho da dublagem. Só voltei a me dedicar à dublagem em 2020 e contínuo até hoje. Faço a administração das minhas atividades conforme a época e o que está em alta. Quando a comédia começou a dar mais certo, foquei mais nisso e deixei a dublagem um pouco de lado. Durante a pandemia, voltei a me envolver com a dublagem, me empenhei mais, e comecei a enviar mais material para os estúdios. Também sou locutor e tenho um mini estúdio para isso. Além disso, sou ator e participo de filmes e séries. Recentemente, participei da série Desejos SA que está na Starz, do filme 2 Coelhos, e do filme internacional Nine Days.
Administrar todas essas atividades não é fácil e é cansativo, mas por enquanto estou dando conta. A versatilidade é muito importante para o artista, pois permite explorar diversos estilos e trabalhar mais. Brinco que a única coisa que ainda não fiz na arte é novela. Já fiz de tudo: filme, dublagem, locução, televisão, teatro. Quem sabe um dia eu faça uma pontinha em uma novela? Seria legal!
Você é considerado um dos mais importantes imitadores do Brasil, com um repertório de mais de 100 vozes. Quais são os desafios e as recompensas de ser um imitador?
A primeira imitação é sempre muito legal, especialmente quando você está em uma roda de amigos e o pessoal pede para você imitar alguém. É divertido e gratificante. A verdadeira recompensa da imitação é quando você consegue capturar a voz e os trejeitos de forma precisa, e a pessoa identificada gosta e aprova a sua imitação. Isso é o que realmente valida o seu trabalho.
Para mim, o desafio maior é, por exemplo, pegar as características de alguém como o Faustão, que demorou quase dois anos para eu acertar os trejeitos e evitar comparações com outras imitações, como a do Pedro Manso. Eu nunca começo a imitar alguém a partir de outro imitador; meu foco está sempre no artista original. Isso me permite capturar características que outros imitadores podem não ter notado. É a minha visão e a minha versão da imitação.
Na televisão e no rádio, o desafio é dosar a imitação para que não se torne algo pejorativo. O objetivo é fazer uma homenagem, e, em situações mais informais, como em teatro ou shows fechados, você pode ser um pouco mais ousado. Receber elogios de pessoas que você imita é uma grande honra. Por exemplo, quando imitei Netinho de Paula no programa Máquina da Fama, ele tuitou dizendo que eu era o melhor imitador dele, o que foi uma grande honra para mim. O Selton Mello, quando foi entrevistado no The Danilo Gentili, elogiou muito a minha imitação dele após assistir a alguns vídeos, e eu fiquei muito feliz com isso. O Milton Cunha também repostou um vídeo meu imitando-o, o que foi ótimo.
Se você faz uma imitação de forma respeitosa e divertida, a recompensa é muito maior. É incrível ver os artistas em situações que você normalmente não os veria. Isso torna o trabalho ainda mais gratificante.
Você já realizou turnês no Japão e nos Estados Unidos. Como foi a recepção do público internacional e quais foram as principais diferenças que você encontrou em comparação ao público brasileiro?
Fazer shows internacionais é realmente incrível, tanto para a carreira quanto para o currículo. Minha primeira experiência foi em 2013, quando fui ao Japão. Ficamos 30 dias e fizemos mais de 25 shows lá, para brasileiros, claro, mas também havia muitos brasileiros casados com japoneses e outros que moravam lá. A recepção foi muito calorosa, semelhante ao Brasil, mas com uma diferença: o povo que vive no Japão há muito tempo trabalha muito e é bastante carente dessas manifestações culturais. Então, eles nos trataram como celebridades, oferecendo presentes, abraços e muito carinho. É um povo brasileiro que está no Japão há um tempo, e apesar de manter a sua brasilidade, absorve muito da cultura japonesa, que é conhecida pela sua educação e cortesia excepcionais.
Foi uma experiência muito gratificante, e, depois, fizeram uma enquete lá para saber quem eles gostariam que voltasse ao Japão para fazer shows. Eu fui um dos escolhidos e retornei em 2017 para uma nova série de apresentações, desta vez por 12 dias.
Nos Estados Unidos, fizemos um show em Nova Iorque durante uma passagem pelo Japão. Fiquei alguns dias lá e o show foi bastante positivo. Até agora, fizemos apenas shows para brasileiros, e a recepção sempre é muito calorosa. O Japão é um país maravilhoso e Nova Iorque é sempre um lugar especial para mim, pois já conheço bem a cidade.
É sempre um prazer estar em outro país fazendo shows, e é ótimo para o currículo. Em breve, talvez tenhamos uma turnê nos Estados Unidos, e eu ficaria feliz em compartilhar mais detalhes com vocês se isso acontecer.
Você participou de mais de 30 programas de TV ao longo da sua carreira. Qual foi a sua participação mais memorável e por quê?
Já participei de mais de 30 programas de televisão, quase todos que você possa imaginar. As exceções são o “Jô Soares” e o “Hebe Camargo”, que eu quase participei, mas fora isso, fiz quase todos os outros. Conheço muita gente da televisão, incluindo produtores que começaram como estagiários e hoje são diretores. É um ambiente em que todos me respeitam muito e eu respeito igualmente.
É difícil apontar um momento específico que tenha sido o mais memorável, pois foram muitos. No entanto, uma experiência marcante foi quando eu fui apresentar o “Quem Chega Lá” no Faustão em 2010. Eu me apresentei quatro domingos seguidos, numa época em que a audiência era altíssima. Essa oportunidade mudou muito a minha carreira e minha vida financeira. Até hoje, lembro desse momento com muito carinho, pois foi um divisor de águas para mim.
Outro momento especial foi trabalhar no “Show do Tom” com um ídolo meu, um artista que admiro muito no meu segmento. Isso foi extremamente gratificante e prazeroso.
Você foi integrante fixo do programa “Encrenca” na Rede TV. Como foi a experiência de trabalhar nesse programa e quais foram os momentos mais marcantes para você?
Trabalhar no “Encrenca” foi uma experiência muito legal, mas foi uma fase um pouco diferente. O programa já havia passado por várias reformulações, e na época em que eu participei, começamos a trazer novas ideias. Decidimos fazer algo diferente dos reacts de vídeo, como o “Pânico” fazia, e criamos quadros como o “Porta de Festa” e outras inovações. A fase que vivemos foi muito boa, mas o programa acabou não durando muito tempo devido a questões internas, desgaste do nome e problemas de equipe.
No “Encrenca”, eu pude fazer muitos personagens novos, como o “Dia do Vigor”, e imitar o Datena e o Faustão, que geravam bastante audiência. Foi um período muito enriquecedor para mim, e a experiência foi valiosa.
Agora, estou envolvido em um novo projeto, que é um programa do João Kleber. Estamos gravando alguns quadros e fazendo um piloto no ar. O programa estreia em agosto e promete ser uma mistura de “Pânico”, “TV Pirata” e “Perdidos da Noite”. Estou animado com o formato diferenciado e grato por ter sido chamado para participar, especialmente porque acho que meu trabalho no “Encrenca” e as boas relações que mantive contribuíram para isso.
Amo a televisão, apesar de alguns acharem que está em declínio. A TV ainda tem seu poder e é muito gratificante estar na frente das câmeras, interpretar personagens e fazer o público rir. Além disso, trabalho com redes sociais, cinema, locução e dublagem, mas a televisão ainda ocupa um lugar especial para mim.
Como é participar do painel de 100 jurados do reality musical “Canta Comigo” e “Canta Comigo Teen” na Record TV?
O programa “Canta Comigo” foi uma grande surpresa na minha vida. Uma produtora amiga me chamou para participar, e eu entrei no programa quando o Rodrigo Faro assumiu, após o Gugu falecer. Fiquei desde a primeira temporada com o Faro.
O “Canta Comigo” é um programa ligado à música, com um painel formado por cantores, produtores musicais, fonoaudiólogos e professores de canto. Embora muitos não saibam, eu também tenho uma forte ligação com a música. Sou músico, baterista e cantor, e toquei bateria por mais de 10 anos. Minha experiência com a voz, dublagem e imitação trouxe um toque humorístico ao programa.
O mais legal do programa é a convivência e as amizades que fazemos. O clima nos bastidores é muito gostoso e único, com uma mistura de artistas e personalidades diferentes. É gratificante conhecer e fazer amizade com pessoas como o Caju e Castanha, o Canisso do Raimundos, que infelizmente faleceu, e muitos outros. As gravações são cansativas, mas a experiência de ver tantos talentos e aprender diariamente é maravilhosa. É uma honra estar no programa há tantas temporadas.
Você tem se destacado na dublagem de diversos projetos importantes. Como foi a transição para essa área e qual foi o personagem mais desafiador que você dublou até agora?
Estou conquistando meu espaço na dublagem devagarinho. A dublagem é um meio mais difícil de entrar e de se manter, porque exige ser ator primeiramente. Como mencionei anteriormente, comecei a me interessar por ser artista por causa da dublagem, mas acabei adiando esse sonho.
Durante a pandemia de 2020, com o trabalho reduzido, decidi focar novamente na dublagem. Fiz um curso online para reciclar meus conhecimentos e comecei a enviar meu material para estúdios. Isso resultou em alguns testes, e no segundo teste, o Wendel Bezerra, dublador do Bob Esponja e dono da Uniband, me disse que acreditava na minha versatilidade para o personagem.
No estúdio, não sabemos o que vamos dublar, tudo é muito sigiloso. Deixamos nossos celulares fora e assinamos termos de confidencialidade. Quando vi o material para o teste, era uma série do Patrick, chamada “O Show do Patrick Estrelas”, onde eu faria o pai do Patrick. A imitação me ajudou porque a dublagem exige que você reproduza a interpretação do ator original em outra língua. A facilidade que tenho com imitações ajudou a capturar a essência da voz do personagem.
Fui escolhido para o papel e isso abriu portas para outros projetos. Atualmente, estou dublando em “One Piece”, uma série muito conhecida mundialmente, e já participei de projetos como “Casa de Papel” e “Futurama”. Embora ainda não seja um dublador amplamente conhecido, estou fazendo trabalhos significativos e tenho o sonho de dublar personagens importantes em grandes produções.
O maior desafio para mim tem sido dublar personagens humanos, mas com prática e experiência, estou melhorando. Estou no caminho para me tornar um grande dublador, e continuo trabalhando para alcançar esse objetivo.
Quem foram as suas maiores inspirações no mundo da comédia e da imitação, e como elas influenciaram o seu trabalho?
Falar sobre influências na comédia e na imitação é complicado porque eu admiro muita coisa. Nos Estados Unidos, sempre gostei de Jim Carrey, Robin Williams, Eddie Murphy, Adam Sandler, Chris Tucker, Chris Rock e Dave Chappelle. Esses comediantes das antigas, e um pouco do pessoal mais atual, são grandes influências para mim. Eddie Murphy, Jim Carrey e Robin Williams faziam imitações incríveis em seus shows, e eu sempre adorei isso; é muito a minha praia.
No Brasil, minhas referências incluem Tom Cavalcante, os humoristas dos Trapalhões, Ronald Golias, que considero um dos melhores do mundo, e Chico Anysio, que é um mestre dos mestres. Também aprendi muito com programas como “Café com Bobagem” e ouvi muita rádio, onde acompanhei Tatá Werneck, Sérgio Mallandro e Jô Soares.
Além disso, conheci e acompanhei o trabalho de muitos comediantes da nova geração, como o Carioca e outros que ganharam destaque com o programa “Pânico”. Na stand-up comedy, comecei junto com nomes como Danilo Gentili, Rafinha Bastos, Marcela Leal e outros. Comecei a me destacar um pouco depois, em 2006, 2007, e conheci e aprendi muito com esse pessoal. Então, minhas referências são bem diversificadas e abrangem várias gerações e estilos de comédia.
Você fez diversos cursos para se especializar em diferentes áreas. Qual foi o curso ou experiência educacional que mais impactou a sua carreira?
Eu estudei bastante, porque às vezes as pessoas acham que na arte não é necessário estudar, mas é totalmente o oposto. Quando eu disse para minha mãe que queria ser artista, ela falou: “Então vamos estudar.” Então eu comecei a fazer cursos. Primeiro, fiz um curso de bateria para entender tempo e ritmo. Depois estudei canto, fiz um curso de oratória e me formei em rádio e TV. Também fiz técnico em publicidade e propaganda, o que me deu uma boa noção de criação e roteiro.
Além disso, fiz curso de dublagem e estudei teatro por muitos anos. Todos esses cursos foram importantes e continuam sendo úteis na minha vida profissional. Trabalhei na empresa da minha tia por 11 anos, em diversas áreas como comercial, financeiro e jurídico, o que me deu experiência em administração e planejamento. Esse background me ajudou a saber como vender minha imagem e gerenciar minha carreira.
O diferencial do meu trabalho é a versatilidade do meu show, que inclui mais de 60 imitações, dublagem ao vivo, stand-up comedy e música. É um show completo que ninguém faz hoje em dia com tanta variedade. Isso me traz reconhecimento e é gratificante ser apreciado pela versatilidade.
Entre todos os cursos que fiz, o que mais me impactou foi o teatro. O teatro foi a base de tudo para mim, porque me ajudou a superar a timidez, a ser mais criativo e aberto, tanto na parte corporal quanto intelectual. Ele me preparou para atuar em qualquer área, enfrentar plateias e dublar com confiança. Então, o teatro é, sem dúvida, o curso que mais me impacta até hoje.
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Entrevistas
Marcelo Pio brilha em diversos projetos e almeja o papel de Jesus Cristo: versatilidade e paixão definem sua trajetória
O renomado ator Marcelo Pio, conhecido por sua versatilidade que vai de tramas bíblicas na Record a papéis controversos no streaming, marca presença em novos projetos que prometem impactar o público. Em “Funk – Baile de Favela”, dirigido por Aly Muritiba e produzido por Heitor Dhalia e Manoel Rangel, Pio interpreta Mauro, um carismático empresário artístico carioca, ao lado de Duda Santos. O filme, que reflete a essência vibrante do funk carioca, traz um Mauro desafiador e astuto que interage com Sabrina, uma mulher determinada e inspiradora.
Com mais de 20 anos de carreira, Pio não se limita apenas à atuação, expandindo sua atuação para a produção e direção em teatro, cinema e TV. Seu trabalho recente inclui filmes e séries como “Todo Mundo Tem Problemas Com Amor” e “Verônika”, e ele já se prepara para novos desafios que surgirão em 2024 e 2025. Em uma reflexão profunda sobre sua trajetória, o ator revela o desejo de interpretar Jesus Cristo, um papel que considera o mais profundo e transformador que um ator pode almejar.
Marcelo Pio continua a impressionar com sua paixão e dedicação, demonstrando que a essência da arte está na constante evolução e aprendizado. Com o apoio da gestora artística Catapulta, que se destaca por promover talentos e priorizar a diversidade, Pio segue em busca de novos horizontes e desafios.
Como você se preparou para viver Mauro em “Funk – Baile de Favela” e o que mais o atraiu nesse papel?
Fui por um caminho naturalista, próximo das paletas de personas divergentes que tenho feito. Aly Muritiba na batuta de uma equipe incrível. Fiquei muito feliz com o convite do diretor de elenco Alonso Zerbinato. Um projeto da Paranoid, com produção do Heitor Dhalia e do Manoel Rangel.
Você mencionou que Mauro é um personagem esperto e malandro. Quais aspectos desse personagem foram mais desafiadores para você interpretar?
Todo mundo tem um lado aventureiro. Fui por esse caminho, que quer experimentar, viver e se jogar. Essa é minha filosofia ser divergente com o máximo de liberdade. Já tive uma festa “Virada a festa” e atacava de DJ, sei um pouco como funciona a noite Carioca, lhe dava com muita gente. As relações humanas te dão repertório para vive-las, entendê-las e respeitá-las. Estamos todos “conectados”. Procuro intencionalizar e observar os padrões do viver, isso me ajuda nos desafios.
Como foi trabalhar com a equipe de “Funk – Baile de Favela”, especialmente com o diretor Aly Muritiba e a atriz Duda Santos?
A protagonista Duda Santos está ótima na performance da sua Sabrina, uma funkeira que busca alcançar o sucesso e o seu lugar. Ela me passou uma verdade que só as boas causas têm. O Aly foi tranquilo o tempo todo comigo e equipe, me pediu detalhes na cena, fiquei satisfeito em trabalhar com ele e sua grande equipe. Será um sucesso!
Você tem experiência prévia com comunidades como a do Vidigal. Como essa experiência ajudou na sua preparação para “Funk – Baile de Favela”?
Eu me sinto muito à vontade nas comunidades, me lembram os bairros tradicionais onde se solta pipa, carrinho de rolimã, bolinha de gude, onde a vida acontece com mais espontaneidade. Já ensaiamos uma peça inteira na comunidade do Vidigal, eu e minha parceira cultural Glauce Guima, no “Grito D’alma” de Tennessee Williams, foi uma das experiências mais ricas que tive nas relações humanas.
Com mais de 20 anos de carreira, como você vê a evolução da sua atuação ao longo dos anos? Há algum papel ou projeto que tenha sido particularmente marcante para você?
Eu vejo essa evolução com muita alegria e orgulho. Ser um agente da cultura no nosso país é ganhar todo dia medalha de ouro. Também sou produtor teatral. Precisamos ser fortes e criativos, a vida dos artistas sempre foi assim e sempre será uma aventura necessária para tornar o sonho possível e palpável. Me honra muito ser um escolhido para isso, eu respeito muito minha arte e o nosso público, que nos prestigia e apoia. Eu amo todos os papéis que faço e recebo, eu sou um apaixonado por estar no processo e em cena criando, sendo livre e absoluto naquele presente. Pois a vida é um presente e sempre será.
Você mencionou que o segredo para transitar bem entre diferentes funções e gêneros é perceber a essência comum da arte. Pode falar um pouco mais sobre essa visão e como ela influencia seu trabalho?
Sim, ótima pergunta. A arte é o imponderável, o sutil, a mágica, o divino. Como explicar a diversidade e genialidade de um Michelangelo, Leonardo Da Vinci, como explicar um gol do Rei Pelé? A gente percebe que tem arte ali, aquilo nos atrai, nos magnetiza, a gente percebe que transcende. Por isso os artistas e atletas nos atrai tanto, percebemos que a natureza divina está intenso ali, se expressando e se expandindo o tempo todo. A arte em mim, é essa energia invisível que quer expandir a todo instante, quer se expressar, quer existir e trazer alegria, emoção, plenitude, satisfação. Quer revelar algo. Quando estou em cena estou completamente alinhado com o Eterno, mente, alma e espírito. Somente esta dimensão completamente absoluta e sutil, para nos fazer vivenciar algo tão grande assim.
Você tem vários projetos em andamento, incluindo “Todo Mundo Tem Problemas Com Amor” e “O Homem de Ouro”. Como você equilibra todos esses projetos e mantém sua performance consistente?
Suas colocações sobre meu trabalho vão me fazer economizar algum dinheiro com terapia. Eu gosto da frase “não existe almoço grátis” temos que correr e nos esforçar o tempo todo. A preparação é fundamental, o estudo, conhecer coisas novas fora do nosso radar, estar sempre ligado com a atualidade, ler livros inteligentes, ver trabalhos de colegas da profissão, ver exposições, conhecer os trabalhos dos diretores, perceber a vida e as relações, experimentar o seu mundo interno tanto quanto o externo, saber das origens dos povos e civilizações, até física quântica eu estudo, tento me preparar para a vida, ser um pai melhor, um marido melhor, um amigo melhor e consequentemente minha arte de atuar cresce.
Você expressou o desejo de interpretar Jesus Cristo. O que o atrai nesse papel e como você acha que seria a experiência de interpretar um personagem tão profundo e significativo?
O que me atrai é a singularidade dele. É o criador na terra dialogando com sua criação. Ele traz a possibilidade de um mundo possível com paz, amor e respeito. Ele mostra o caminho, a verdade e a vida. Mas de verdade, na vida, sem filosofias. Só isso já te diria que teríamos uma vida inteira para discutir e viver. Jesus sempre foi uma paixão e enigma para mim, desde criança na minha amada cidade de Muriqui. Eu parava a minha bicicleta na frente da igreja, olhava lá para dentro e pensava “Porque crucificaram o Filho de Deus?”. Eu não entendia isso, mas como? O tempo foi passando e eu fui entendendo o planeta em que vivemos. Já tive muitas lindas histórias com Cristo, de cura e bênçãos. Sei que ele é meu amigo. Jesus é a figura central da humanidade, dividiu a história. Falou do Reino do Pai, dos mistérios vindouros, disse que temos que ser puros iguais a crianças. É lindo demais todo o amor e ensinamentos espirituais que ele plantou aqui na terra. Acho que viver essa experiência te coloca no melhor lugar da existência.
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